Edição: Paulo Henrique e Mathaus Pereira
E a quem diga que o palhaço é...
Por Paulo Vasconcellos
Paulo Vasconcellos - Cronista |
Considerando a política como ciência e desenvolvê-la como tal não condiz com a realidade dos fatos e estabelece regras distintas que até confundem os principais personagens da democracia plena, que são os eleitores. Esses com o poder do voto podem decidir as situações, elegendo representantes para o Executivo e o Legislativo, de acordo com o que preceituam as normativas da Constituição Brasileira em seus artigos, parágrafos, incisos e nas emendas que já foram feitas. Tudo isso representa o poder da cidadania que tem o brasileiro, podendo escolher de sua livre vontade quais os agentes políticos a exercerem os cargos que postularem.
Cada vez que é realizado um pleito no Brasil, polêmicas são levantadas e essas nunca vão deixar de constar nas páginas dos apontamentos que a jurisprudência oportuniza. A exemplo do que já aconteceu em eleições passadas quando pessoas de classes sociais, fora da política se elegeram para cargos públicos, foram criadas situações que causaram reboliço perante a opinião pública, assim como nos bastidores da política. Agora, a eleição do humorista que vulgarmente está sendo chamado de palhaço, por sua pouca expressão político/social, vem causando disse me disse em todos os quadrantes do País. De família humilde, tendo como base o município de Itapipoca no Ceará, Francisco Everardo Oliveira da Silva o (Tiririca), passou a ser o político mais importante e cobiçado do Brasil, por expressiva votação que recebeu do povo paulista na eleição recentemente realizada.
Ao ser citado o humorista e até a condição de palhaço que Tiririca representa, recomenda-se que sejam intercaladas palavras poéticas para amenizar a situação e condicionar o prestigio de um cidadão brasileiro que pinta o rosto para viver, sem precisar pisar nos picadeiros da vida como palhaço andarilho que viaja a diversos pontos, como são os casos dos artistas circenses. A quem diga que o palhaço é no grande circo da vida um desastroso integrante de uma companhia de risos. Entretanto, se moldarmos a figura verdadeira do palhaço, pode-se chegar a conclusão de que na política há a necessidade de se usar literalmente o bom humor e até as vertentes humorísticas para a obtenção de vitórias, não só com a soma de votos e tambem com a honradez de uma pessoa simples que passa a maior parte de seu tempo fazendo a felicidade de alguém.
Analfabeto ou não, Tiririca virou o referencial da política brasileira por sua simplicidade, mesmo que alguns caracterizem que os mais de 1 milhão de votos atribuídos a ele pelos paulistas e paulistanos, representem sinal de protesto ou algo parecido. Depois do frisson causado pela eleição maciça de Tiririca, os causídicos foram acionados para efetuarem minuciosos levantamentos e acionarem peritos do mais alto gabarito para investigarem a condição do futuro parlamentar de saber ler e escrever ou se é analfabeto. Talvez as investidas sejam tardias, pois querem com isso, que a vontade do povo seja cerceada e democraticamente, analfabeto ou não, Tiririca tem o direito constitucional de sentar em uma das cadeiras da bancada paulista na Câmara dos Deputados como digno representante do Partido da República (PR), justamente na Capital Federal. Se a Constituição permite voto ao analfabeto, por que não garantir tambem cargos eletivos a essa classe?
As interpretações sobre política em determinadas ocasiões nos levam a crer que a farsa representa a grande maioria daqueles que se dizem julgados pelo povo e colocados nos cargos depois que investem em propostas que a exemplo de palavras, o vento se encarrega de levá-las para bem distante. Baseado nessa linha de raciocínio, o povo, que tem o poder nas mãos, precisa saber que a farsa de um palhaço é natural e no picadeiro da ilusão ela pode servir de álibi para a transformação em outras dimensões, de um homem que faz as pessoas rir, não entende quase nada sobre política, mas foi escolhido pela maioria para uma representatividade parlamentar. Antes de tudo, precisa ser dada a condição democrática ao cidadão Francisco Everardo que na Câmara não poderá usar a farsa do palhaço para se comunicar com seus pares. Ele tem que se conscientizar da responsabilidade que assumiu e provar ao contrário que sua baixa escolaridade não significa analfabetismo, pois o gênero humorístico usado por ele como ferramenta de trabalho vai trocar de ares e a seriedade precisa ser colocada em primeiro plano, afinal de contas, o construtor de leis não pode ser tratado por palhaço nos momentos em que estiver no Salão Nobre do Congresso Nacional, defendendo projetos de interesse popular que vão constar nas pautas da Câmara dos Deputados, a maior Casa de Leis do País. Então, Tiririca precisa esquecer a ala humorística durante os quatro próximos anos, tirar as vestimentas que o caracterizam como palhaço, encorajar-se, colocando o conjunto terno e gravata como traje a rigor a partir dos primeiros passos a serem dados por ele no Parlamento Nacional. Além disso, Francisco Everardo vai ter que expor em sua lapela o boton com o Brasão representativo da República Federativa do Brasil. (PV).
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