Edição: Paulo Henrique #
Corpo e beleza: estudo sondou opiniões de jovens
Estudo com alunos da Região Metropolitana apontam opiniões e como eles se veem, frente ao culto e aos padrões estabelecidos de beleza.
Cerca de 90% dos jovens da Grande Belém afirmam que a mídia influencia sua visão sobre beleza e um total de 70% desses se sente às vezes belo e noutras vezes, feio, enquanto 83% dos entrevistados se dizem contra o uso do corpo feminino nu ou seminu em peças publicitárias.
Esses são alguns dos dados levantados em pesquisa recentemente publicada pelo Núcleo de Pesquisa DataUnama, da Universidade da Amazônia (Unama), que tem como objetivo realizar pesquisas e enquetes sobre temas atuais e cotidianos na cidade de Belém e Região Metropolitana.
Com o tema “Juventude e Sexualidade - Estética e Beleza do Corpo”, uma enquete abordou 108 jovens estudantes entre 13 e 25 anos, residentes em 33 bairros e ligados a 18 escolas da rede pública e a 12 particulares da Região Metropolitana.
Entre os estudantes ouvidos, 74% são do sexo feminino e 25% do sexo masculino. De um modo geral, os jovens foram convocados a definir o que é beleza. Em linhas gerais, eles delimitaram que “Beleza é juventude”; “beleza não é eterna”; que ela “está no caráter”; que é “essencial”; que é “tudo” e ainda que ser belo é “ser jovem”.
A amostragem aponta que o estado psicológico influencia a maioria dos jovens quando se definem alternadamente entre belos e feios. Há dias, reforçam os pesquisados, em que eles se gostam mais de um jeito, assim como há dias em que não se gostam. Além disso, os entrevistados citam que às vezes eles chamam atenção de parceiros, e às vezes não. Vale salientar também que 16% responderam diretamente que se sentem belos, enquanto 13% não responderam. Nenhum estudante se sente ou se assumiu simplesmente feio.
CULTO AO CORPO
A enquete abordou ainda o culto aos corpos masculino e feminino, tanto nas ações cotidianas quanto na exposição dos meios de comunicação, via propaganda e publicidade. Frente a propagandas de produtos de consumo como cigarros, carros e bebidas alcoólicas, 16% afirmam que são favoráveis à utilização do corpo feminino nu ou seminu, e justificam: o uso do corpo seria importante para chamar a atenção, dizem eles, classificando o fato como uma estratégica de marketing. Já 83% dos informantes se mostraram contrários a esse tipo de uso do corpo.
Para os pesquisadores, esses últimos justificam as opiniões com argumentos hierarquicamente organizados: “Eles dizem que os jovens são facilmente influenciados, que as propagandas fazem apologia ao sexo, mostram a mulher como objeto sexual, que há pouca informação sobre o produto em si, que as propagandas são apresentadas em horários inadequados, que as mulheres bonitas são usadas para chamar a atenção dos homens e que, por isso, cria-se um padrão de beleza que é discriminatório”, diz o estudo.
BELEZA E MÍDIA
De um modo geral, 90% dos jovens afirmam que a mídia influencia a forma como as pessoas lidam com a beleza por ditar modelos, padrões e referências que escravizam as pessoas na cultura de consumo e dos padrões ditados e adotados por essa mesma mídia.
Os pesquisadores também direcionaram as questões para o culto ao corpo masculino: 40% dos informantes indicam que têm dificuldade para dialogar sobre o assunto, já que o consideram apenas como uma manifestação da cultura feminina. Já sobre o culto ao corpo feminino, 40% avaliam a mídia como fator determinante de exploração dos ditos padrões de beleza e, assim, é a origem dessa cultura. Destacam os pesquisadores que os jovens associam as inferências da mídia com os sentimentos, no caso expresso “quem ama se cuida”. “Assim, os jovens destacaram a indução associada ao consumo de produtos de beleza, moda, formas e aparências para a composição de um corpo idealizado pela própria mídia e que é copiado pelos jovens”, explica Aniceto Filho, um dos coordenadores da pesquisa.
Ainda sobre o culto ao corpo feminino, 33% dos jovens acreditam que há uma relação com a estética e 16% afirmam que há uma cobrança ao corpo perfeito.
Ver o culto ao corpo feminino como um ato de autoestima e saúde foi indicado pelos jovens como o índice de 13% e como futilidade 8%.
Cerca de 8% afirmaram que é uma característica feminina ser vaidosa e 5% afirmam que as mulheres são mais delicadas, portanto, se cuidam mais que os homens.
Culto ao corpo e à beleza com vários padrões e utilidades
Sobre a sexualidade, 60% dos jovens afirmam que o vestuário é importante elemento de apelo sexual. Para eles, a roupa chama a atenção criando estilo próprio e mostra o corpo (nos homens, a musculatura e, nas mulheres, os contornos). Eles ressaltam ainda que cada pessoa se apresenta com a diversidade que mais e que pelo vestuário pode-se conhecer ou se fazer conhecer a identidade e a personalidade de cada um. Também dizem que as pessoas devem se sentir bem e confortáveis com suas roupas e que a mulher deve ser sensual. Cerca de 29% responderam que o vestuário não é um atrativo sexual. Para esses, as aparências enganam e as pessoas devem vestir o que e como gostam.
A pesquisa ainda delimita a opinião dos jovens sobre as características ideais do corpo feminino esteticamente belo. Para 35% são belas as pernas e as coxas grossas. Um total de 27% cita o rosto, 25% cabelos longos, 22% os seios grandes, 19% o bumbum “avantajado” e 19% a cintura fina. Menos de 16% indicaram os olhos, o corpo bonito, a barriga sarada, a altura o sorriso bonito, a magreza, as mãos bonitas, os quadris largos e a ausência de silicone.
Já sobre o corpo masculino, esteticamente belo, os jovens o classificaram da seguinte forma: 39% valorizam as pernas e coxas grossas; 25% barriga dividida; 24% corpo musculoso e bonito e 19% braços fortes, assim como peito e tórax. Cerca de 13% destacam os olhos e abaixo de 10% indicam cabelos bonitos e compridos, bumbum torneado, altura e, por fim, sorriso e boca.
Menos de 25% dos jovens indicaram que, entre as mulheres é vantagem ser bela para arrumar emprego e chamar atenção na sociedade capitalista; bem como adquirir popularidade, relacionar-se com outras pessoas e, por fim, não ser excluída.
Os homens destacaram outras vantagens: 28% citaram a autoestima, 21% ajuda para o emprego, 16% citam chamar a atenção, arrumar mulheres, obter sucesso e oportunidades e popularidade. Menos de 9% citaram facilidade de se relacionar com outras pessoas. Menos de 1% citaram o fato de não ser excluído.
Ao finalizarem o estudo, os pesquisadores concluíram que 71% das mulheres e 17% dos homens consultados perseguem ideais e a imagem de beleza.
(Diário do Pará)
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